“Preservado em pleno corpo físico, em todo sólido, todo gás e todo líquido, em átomos, palavras, alma, cor, em gesto, em sombra, em luz, em som magnífico”.
(ÍNDIO de Caetano Veloso).
ASSIM NASCE UM GUERREIRO XAVANTE

O povo indígena Xavante é original do Brasil, pertence à família linguística Jê e vive no Mato Grosso . A cada 5 anos os xavantes fazem um ritual de iniciação de jovens que irão se incorporar à tribo como novos guerreiros garantindo a defesa das antigas tradições. O ritual se chama festa da furação da orelha ou festa do sacrifício.

Os jovens são separados do resto da tribo para receberem a doutrinação do conselho de velhos. Em 1979 o ritual foi na aldeia São Marcos e o cacique Aniceto Tsudzawéré, permitiu que a festa fosse documentada para que as tradições indígenas não desaparecessem. Eu era estagiário na sucursal da revista Manchete e fui pautado para fazer a cobertura desta festa com a repórter Marlene Galeazzi, minha madrinha na profissão de jornalista. Foi a minha primeira ida a uma aldeia indígena.


Na mais árdua prova de resistência física os meninos xavantes têm que ficar dentro do rio durante dez dias e dez noites consecutivos. Ao saírem do rio cada xavante novato fica em frente à sua oca sentado numa esteira onde os guerreiros mais velhos furam as orelhas dos jovens usando um osso da pata traseira da onça parda. Em seguida no furo da orelha é colocado um pequeno cilindro de madeira, um brinco que até o final da vida dos guerreiros marcará sua identidade de xavante.






No dia seguinte os novos guerreiros recebem suas bordunas e se apresentam na wará praça central da aldeia. A festa contou com a presença de Mario Juruna cacique da aldeia Xavante Namuncurá.

Cacique Aniceto

Cacique Mário Juruna
Por fim os jovens xavantes passam o dia inteiro dançando e cantando uma música que não tem letra só sons que os padrinhos ensinam após terem recebido de seus antepassados.



Foto: Marlene Galeazzi